Buscando a filosofia interna da paz, recordamos que a pacificação em nós toma um tríplice aspecto que nos ajuda muito a viver: o bom pensamento, a boa palavra e a boa ação. Quando estes três pontos não estão em nós bem equilibrados, não estamos em paz.
É indispensável, em nosso íntimo, o cultivo de pensamentos iluminados pelo amor. Mesmo que às vezes tenhamos uma discussão com alguém, ao nos despedirmos devemos transmitir um pensamento tocado de Cristo. Este hábito faz com que nunca o ódio esteja conosco.
Em seguida, vamos equilibrar o pensamento com a palavra, pois não há nenhuma palavra iluminada que saia de um pensamento em trevas. No exercício da palavra, descobrimos o quanto é útil a ponderação. Se é um momento alegre e feliz, talvez as palavras não precisem ser tão vigiadas; mas quando surgem os problemas, uma palavra em falso nos leva a um abismo cruel. Devemos fazer tudo, portanto, para não deixar que a palavra nos tire a nossa paz.
Examinando este problema em mim, vi que de fato nos momentos graves não devemos falar e, segundo um instrutor oriental, o mais interessante quando somos obrigados a responder a um antagonista, é pedir a ele algumas horas; mas se o problema é muito grave, pedir-lhe alguns dias, e se for demasiadamente grave, pedir-lhe que tenha paciência de nos esperar um ano ou dois, para podermos dar uma resposta. Em geral respondemos rápido demais, tão rápido que sempre nos arrependemos, e assim a paz vê-se comprometida.
Do mesmo modo que a palavra, as atitudes estão diretamente ligadas ao teor de nosso pensamento. Não há um gesto que não seja a retratação de um estado emocional nosso, de equilíbrio ou desequilíbrio. Assim o pensamento, a palavra e a ação conjugam esforços, dentro da inteligência, para manter a criatura em paz consigo mesma.
Luiz Goulart