Círculo de Leitura
Comemorando os cinquenta anos da Corrente da Paz (1966 – 2016), vamos
apresentar um ciclo de leitura aberta do livro maior de nossa Mensagem
– “O CAMINHO DA PAZ INTERIOR”, obra escrita pelo Mestre-Poeta Luiz
Goulart, nos idos de 1958. Recordaremos, passo a passo, os degraus do
aprendizado acerca do desprendimento, da concentração e da pacificação
– e não deixaremos de relatar como esta importante obra nasceu.Seu fundamento foi entregue a Luiz Goulart numa só noite, como um jorro de inspiração – e apesar da palavra CAMINHO, não se vê ali uma ideia de roteiro pré-traçado; são-nos dadas sugestões para a busca interna, e a resposta há de ser encontrada naturalmente no silêncio do coração do buscador sincero. Tal fato se deu quando o Instrutor indagava à sua Estrela Inspiradora: como trazer ao mundo o Ideal de Paz – uma paz íntima, verdadeira, que contagiasse a outrem, por seu poder sutil? Era o momento da revelação. A resposta não se fez esperar... No livro, Luiz Goulart reverencia a Voz inspiradora que o assistiu, falando do “Velho Mestre, consultado sobre o que seria o Caminho da Paz Interior” ... Sua palavra de sabedoria (que já nos animou e consolou tantas vezes, trazendo-nos a oportunidade de ir além da infância espiritual), nos diz, mais ou menos assim: “O espírito que busca luz sempre descobre claridade; o pensamento de amor, que o anima, aclara as sombras, transformando as mais amargas circunstâncias em caminhos suaves para os pés feridos pelo desencanto... Por isso, não devemos lastimar o tumulto nem o movimento dos fatos. A humanidade, amarrada à sua própria fantasia, desconhece-se a si mesma e cria, pela imaginação e pelo desejo, a Ilusão dentro da Verdade... Um homem de sombra dentro do homem de luz. É preciso aceitar o ser humano. Ele é o maior milagre da Vida!... Haveremos de superar a ação do dualismo, para encontrar o ponto-luz de entendimento da Unidade.” Venha estar conosco, mais uma vez, para sentir de perto este Ideal de Paz. (Lucia Magalhães) |
Vera Maria Ferreira | |
A publicação de um livro chamado “PARNASO DO ALÉM-TÚMULO”, em 1932,
impactou a opinião pública brasileira. Era uma coletânea de 256 poemas
atribuídos a poetas brasileiros e portugueses, já então falecidos. O
fato foi motivo de muitas chacotas, acusações de mistificação, plágio,
mas também de estudos acadêmicos que produziram dissertações de
mestrado e teses de doutorado. |
Seu
nome era Francisco Cândido Xavier, nascido na cidade de Pedro Leopoldo
(MG), em 2 de abril de 1910. Filho mais novo de nove irmãos e órfãos de
mãe quando ele tinha cinco anos, viu o pai desolado ter que os
distribuir entre os parentes, cabendo-lhe a casa da madrinha... Como,
desde a idade de quatro anos, a mediunidade já se anunciava, Chico
naturalmente conversava com seres que só ele via, inclusive a mãe. Este
era o motivo de a madrinha o açoitar sem pena, dizendo que ele tinha “o
diabo no corpo”. |
Chico passa a estudar de manhã e fazer à tarde os serviços de operário
numa tecelagem – até que, aos 13 anos, assume trabalho menos rude, no
comércio. |
Quatro anos mais tarde, no mesmo ano em que publica os poemas do “PARNASO DO ALÉM-TÚMULO”, Chico conhece seu mentor espiritual, Emmanuel, que então lhe revela a missão de sua vida: psicografar 30 livros sobre a doutrina espírita, sob duas condições: a primeira, “manter-se fiel ao Evangelho de Jesus e à doutrina de Allan Kardec”. A segunda, enfatizou: “disciplina, disciplina, disciplina”. | E
assim foi. Daí em diante, por setenta anos passou a dedicar todos os
momentos de sua vida ao serviço de divulgação da doutrina espírita e ao
serviço filantrópico de atendimento pessoal. Eram longas filas de
pessoas que iam à sua casa em busca de orientação espiritual, de uma
palavra de conforto e esperança ou de uma mensagem de um ente querido
falecido. A cidade de Pedro Leopoldo passou a ser um centro de
peregrinação. |
Considerando-se um mero canal, o médium não admitia nenhuma remuneração pelo serviço prestado por pura filantropia e amor. Dizia também que o conteúdo dos livros não era produto de sua inteligência – por isso nunca se beneficiou com o rendimento dos mais de 400 livros publicados e traduzidos em vários idiomas, cujos direitos autorais se destinariam sempre à assistência social. Chico Xavier vivia do dinheiro de sua aposentadoria, como funcionário público escriturário numa fazenda-modelo do Ministério da Agricultura, em Uberaba. |
Várias
foram as ocasiões em que se ousou “desmascarar os poderes de Chico
Xavier”. Importantes jornalistas brasileiros se fizeram passar por
estrangeiros, foram à sua casa com esta intenção e se surpreenderam com
o que constataram... Todas estas ocasiões serviram para que o médium
mais revelasse sua grandeza espiritual. Diante de perguntas
visivelmente ardilosas, Chico não se abalava: ouvia a pergunta com
atenção e, antes de responder, reverenciava sinceramente algum traço
positivo do interlocutor... E só então, com fala mansa e firme, bem
articulada, elaborava sua resposta, sempre fundamentada nos
ensinamentos de Allan Kardec e no Evangelho de Jesus – que ele
demonstrava conhecer bastante, visto que citava capítulos e versículos,
sem esforço. |
Até seu desenlace, aos 92 anos, a 30 de junho de 2002, em Uberaba, o
que realmente importava para ele era fazer o bem sempre, nunca fazer
sofrer a quem quer que fosse. |
PENSAMENTOS DE CHICO XAVIER
“Quem é perseguido, muitas vezes consegue ir adiante, principalmente
se for perseguido de maneira injusta; mas quem persegue não sai do
lugar.” |
OS TRÊS PASSOS (Luiz Goulart)
Todo primeiro passo do Caminho Sem o desprendimento, ninguém chega Que se possa seguir com segurança São estes os três passos consagrados: |
PARA SUA REFLEXÃO (L.G.)
"Os atos não são importantes, mas as imagens dos atos que alimentamos com nossos pensamentos." |
Senhor, permite que termine minha presunção e eu possa ver com os olhos da humildade. |
Senhor, permite que, embora julgado, jamais eu julgue meu semelhante. Jesus, dá que não pense no Bem como recompensa, nem no mal como castigo – mas que tudo faça por amor somente. Senhor, permite que não me aparte dos impuros por me julgar superior a eles. Jesus, dá que sinta em cada sofredor uma parte de mim mesmo, assim como a lágrima do próximo, a lágrima de meus olhos. Senhor, permite que não haja em mim sentimento de separação – mas de união; nem de atrito – mas de harmonia Jesus, dá que tudo, enfim, consiga eu ser, não por mim – senão para que me torne instrumento de Deus no coração da Humanidade. Senhor, pois sendo eu e o próximo um único ser na Unidade do Pai, permite que sinta, verdadeiramente, que Deus é Amor – e possa, como mandaste, amar ao próximo tanto quanto tu nos amaste. E assim, além da vida, levando no coração a Paz de tua luz redentora, caminharei alegre para o Sol da Eternidade! |
PENSE NISSO (L. G.)
É hora de esquecer que há impuros e pecadores; é hora de
quebrar o tabu das divisões para nos unirmos, livres de velhos
preconceitos políticos, raciais e religiosos à mesma Chama da Vida que
não conhece as barreiras impostas pela superstição, pela ignorância e
pelo egoísmo. |
Quero Vossas Mãos Não vos mateis na estagnação |
O Poder Mental |
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Este exercício simples, feito em momentos diários de recolhimento, tem
efeito extraordinário – justamente porque é simples como a verdade,
benéfico como o amor e muito belo, como o caminho da libertação. |
Palavras de um Amigo (L. G.)
Não esqueças jamais o sacrifício das células nervosas, que recebem toda a carga, quando pensas.
Por que sobrecarregá-las tanto? Não seria mais proveitoso se examinasses, de vez em quando, na solidão, as reservas de energia que possuis? Lembra-te de que a todo ser é dada certa quantidade de energia. E nem todos podem fazer ou mesmo desejar realizar o que muitos fazem ou realizam. Cada um vibra segundo suas próprias forças e reservas. Na viagem da vida, sê como o chofer zeloso que investiga a quantidade de combustível no tanque do carro. Ai dele se o desejo ultrapassar a possibilidade da máquina. Eis por que te aconselho a não despenderes excessiva energia com teus desejos e ambições. Medita sempre sobre a dualidade que há em ti, procurando não emprestar aos fatos e às coisas mais valor do que eles realmente possuem.
A Noção de Pátria (de “Canção do Vagamundo”) “A noção de pátria me assusta
como tudo que cria convenções e barreiras. A pátria real está onde
sonhamos livremente. Nunca soube de uma convencional fronteira que
barrasse a passagem da saudade e do amor. Por mais armas que os
senhores anteponham às pátrias de outros senhores, o liberto vagamundo
passa, usando suas canções. Os canhões não traduzem a linguagem do amor
que podemos captar sentindo. Realmente o sentimento, como a chuva e o
vento, não conhece fronteiras.”
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O dia ilumina meus olhos. Desperto contemplando o milagre da Criação, que me envolve de alegria. Comigo desperta o Anjo que acalentou meu sono, a noite inteira. Desperto: Ele guiará meus passos. Nas sombras que ficaram do ontem semearei flores claras... Tantas e tão belas que alegrem também os passos alheios. Não sei o que virá nas horas que estão nascendo... Admito, porém, que todos os minutos tragam a presença de Deus. Preencho-me de pensamentos bons. Eles bordarão, na página branca do dia, imagens de paz e compreensão. Quando levanto, cumprimento tudo o que acordou, em a Natureza. Tenho vontade de dizer: “Bom dia, meu novo dia!” |
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Mandarei embora todos os pensamentos tristes para que o Anjo do Sono acenda sua estrela dentro da casa de meu interior. Os pássaros do dia estão dormindo; também preciso dormir, para ouvir o canto de seus sonhos... Se quiser dormir feliz, esqueça que está acordado... O luar que ilumina minha janela pinta de azul a hora de meu repouso. Deus fez um médico do Sono – e um Poeta, do Sonho. Um nos cuida do corpo. O outro, da alma. Por que o Sono clama pelo Silêncio? – Talvez tentemos, adormecidos, ouvir a voz de nosso próprio coração. |
Nós |