O Sonho da Unidade

Não há dúvida de que há diferenças na humanidade. Existem diferentes preferências humanas; há muitos pensamentos, pátrias, raças e línguas. É óbvia a necessidade de um centro coletivo pelo qual essas diferenças possam ser compensadas e os povos do mundo sejam unificados. Considerai como nada a não ser o poder espiritual pode realizar essa unificação, pois as condições materiais e os aspectos mentais são tão amplamente diferentes que é impossível atingir harmonia e união por meios externos. É possível, no entanto, que todos se unam através de um espírito, do mesmo modo que todos recebem luz do mesmo sol. Portanto, assistidos pelo centro coletivo divino que é a lei de Deus e a realidade de Seus Manifestantes, podemos superar essas condições até eliminá-las inteiramente e assim as raças possam progredir.

( ‘Abdu’l-Bahá, A Promulgação da Paz Universal )

Ainda Há Tempo

Nestes dias em que nossos corações se apertam no peito, numa ansiedade coletiva nunca vista, no medo do extermínio pela pandemia, na incerteza do dia de amanhã – tendo de ficar em casa, mais próximos do que nunca de nossos amigos e parentes queridos, mas sem poder tocar seus corpos, vamos usar esta oportunidade para tocar suas almas.

Vamos envolver os grupos familiares, cidades, países, nosso planeta, em um gigantesco casulo de afeto. Usar o poder mental a serviço do sentimento, para construir a certeza de que neste momento, a maior força para vencer a pandemia, seja ela qual for, é a unidade dos seres humanos. 

Todos nós, confiantes na orientação das inteligências dos órgãos de saúde, abriremos canais para que eles recebam as melhores inspirações dos Samaritanos do Espaço.

Se o vírus não respeita fronteiras, nem bandeiras, nem classes sociais, este é o momento de mostrar a força da união, que  manterá viva a fé na vitória. Uma vitória de todos os povos. 

Não pode ser mão na mão? Então que seja alma n’alma, coração no coração!

(Maximo Ribera)

A Coragem de Ser Pacifista

No sentimento de tudo o que nos fica, preferimos o silêncio – não como desalento mudo. É hábito natural dos pacifistas e amantes da Não Violência se recolherem para a prática diária e atenta, no seu mundo interior: cultivam um jardim interno, cuidando da floração de sementes lúcidas, inspiradoras de um Mundo Novo. Eles se parecem com sentinelas de uma Alvorada que há de vir…

Esse mundo é a expressão do que o Instrutor Luiz Goulart chamou de “Comunidade sem limites”: seres sensíveis do céu e da terra se unem na mesma sintonia vibratória, fortalecendo os abraços luminosos de todo belo pensamento, ou palavra verdadeira ou atitude bondosa. A morte, e o seu susto, será somente um episódio – eles sabem que viverão ainda quando essas sementes florirem em outras almas, inspirando-lhes auxílio e meios de boas realizações, em favor da Humanidade.

Pacifistas e adeptos da Não Violência fortalecem e ampliam estes laços de luz com muita consciência, em contraste com o necessário e doloroso tempo de kali-yuga – Tempo das Feras! – que nublam de tristeza e violência a paisagem do mundo. Sempre podemos colaborar com a Paz, porque cremos na força criadora da Vida, com sua Poesia que tudo renova, a seu tempo…

Muitos estão silenciosos por medo: nós escolhemos o silêncio vigilante, de modo que o despertar das consciências realize, em plenitude, o que as discussões infrutíferas não puderam. Com simplicidade e definido bem querer, não participamos dos Jogos Competitivos dos Opostos – e apenas praticamos o que os nossos Mestres nos ensinaram: “Violência gera violência, e só o amor constrói para a eternidade!”

Lúcia Magalhães

Estações Mentais

Sintonize com o Coração

Maximo Ribera

Vocês se lembram daqueles aparelhos antigos de rádio, onde trocávamos as estações rodando um grande botão ao qual chamávamos de dial? Mudávamos de estação para ouvir música, noticiários e novelas.
Às vezes o rádio apresentava um tipo de problema que nos impedia de sair de uma estação. Isso acontece hoje também com os aparelhos modernos. Ficam presos a uma estação virtual ou real. Deixam-nos desesperados, pois não nos obedecem.
Isso acontece conosco também, com nosso aparelho interno, em nossa vida mental. Quando tentamos nos desvencilhar de um pensamento que nos persegue, sentimos que algo nos prende a uma estação mental indesejada, e desconhecemos o lugar do dial, para procurar outra faixa melhor.
Por mais que os fatos mudem em torno de nós, fica uma forma-pensamento presa. Nasce a ideia fixa. Um problema para resolver, que se torna tão forte, e nos faz perder a dimensão das coisas que estamos vivendo mentalmente. Parece que não há solução.
Mas há solução, quando descobrimos que é fundamental mudar o pensamento da faixa mental em que estamos, e ir para outra faixa mais amiga. Imaginemos que nosso “rádio” tem um “botão” especial que nos fará localizar a alegria em nova estação.
Comecemos um trabalho para abrandar a força mental grosseira, primária, que nos dirige porque deixamos o instinto usá-la por nós. O sinal vermelho é quando nos vêm frases como: “Estou com a mente cansada, minha cabeça está pesada, parece que estou num beco sem saída, não há como resolver.” No entanto, há como resolver, repetimos.
Um exercício de amorosidade, mesmo nas piores condições mentais em que estivermos: procuremos contemplar mentalmente uma rosa, navegar em regiões leves; em belos jardins, mesmo imaginários, num lago com um cisne singrando as águas tranquilas.
Vamos tentar, porque estaremos assim mudando nossa estação mental densa para outra mais sutil, onde mora a Beleza.
Experimente a afetividade consigo mesmo; assim você abrirá o portal do amor à sua grandeza interna, à fonte de sua luz interior. Nesse momento, os seus problemas, mesmo não resolvidos ainda, ficarão quietinhos e você poderá captar na estação certa, as melhores soluções para resolvê-los.
Assim, mesmo entristecido, se eu me lembrar que dentro de mim há um anjo de afeto sempre disposto a me ajudar a resolver – talvez não tão rapidamente – o problema externo, sobretudo uma defesa contra os ataques que eu mesmo estou proferindo sobre mim, por causa do problema externo, darei início a uma busca mais salutar: Escolher a melhor estação mental para me abrigar, enquanto avalio as melhores soluções para o que parecia impossível de resolver.
Então, terei a surpresa de descobrir um novo “dial” para trocar as estações do pensamento: Chama-se coração. Ele nos ajudará a construir uma nova estação, de auto-afetividade, que permanecerá ligada em meu “rádio” interno e não permitirá mais a tirania dos pensamentos abandonados ao comando do instinto.
Resumo: Permita que o coração assuma o comando. Ele é o cireneu de nossa vida!
Paz e Cristo!

O Natal Crístico

(Maximo Ribera)
Está de volta o tempo feliz. Nasce novamente um deus-menino. Dois exércitos se confrontando cessam fogo e os “inimigos” se abraçam como irmãos, à meia-noite, num culto à vida, quando se anuncia o grande evento. Minutos depois, pegam nas armas e recomeçam o culto à morte.
Que mistério envolve esse contraste no comportamento humano? Durante a comemoração do Natal nos tornamos amáveis, o astral das cidades parece melhor, muita canção, troca de mimos entre jovens, velhos e crianças. O magnetismo deste tempo, ignorando os excessos do comércio, é realmente mágico. Parecemos melhores, mais evoluídos.
No entanto, o estado guerreiro coletivo apenas faz uma pausa nas batalhas de grupos, que logo retomam suas posições habituais de antifraternidade nas competições pela sobrevivência, nivelando os ambientes de convívio com os campos de batalha. Passa o Natal, o cessar-fogo acaba. É o loop social.
Felizmente há um bom número de seres humanos que entendem ser a comemoração do nascimento do deus-menino uma lembrança do despertar do Cristo em nosso íntimo. Esses não fazem guerra, e velam junto à manjedoura de seus corações – com atos de bondade, amor ao próximo e respeito às coisas santas – a luz crística que um dia acenderá em suas vidas, consolidando o verdadeiro e definitivo Natal.
Que esse número de reconhecidos filhos de Deus se multiplique, para a harmonia retornar ao planeta Terra e todos os deuses e anjos que nos visitaram no passado da humanidade retornem e convivam novamente conosco.
Um feliz Natal Crístico a todos!

Divina Propriedade

Maximo Ribera

As posses humanas: Fomos criados num mundo que nos indica a necessidade de possuir muitas coisas. “Posse é segurança”. Esta expressão, que se tornou a “regra” básica para o desenvolvimento social – sendo interpretada como conquista de tudo o que nos estiver ao alcance, sem previsão das consequências, gerou intermináveis conflitos entre nós. Isto porque o comportamento de cada um, apesar de tantas diferenças, se nivela no interesse de possuir cada vez mais. Assim, a vida na Terra se resume em eterna competição, não mais para sobreviver apenas, mas para crescer o “status” econômico-financeiro, pessoal e de grupos.
As perdas humanas: No percurso de uma vida, as pessoas vão aos poucos descobrindo que as posses estão intimamente ligadas às perdas. E muito sofrem com isso. “Foi tão difícil ganhar; muito trabalho e tempo de uma vida para se conseguir tudo isso. Nunca imaginei perder assim.” – É tudo: propriedades grandes ou pequenas, e até pessoas que consideramos nossas: parentes, filhos, amigos – e por fim, nossa própria vida.
Mudança de foco: Felizmente há belos exemplos a seguir na humanidade. Pessoas que sentem a necessidade de ter posses para tocar a vida, e reconhecem que tudo que possuem, pouco ou muito, é um empréstimo divino, para servir também ao seu próximo.
A gratidão: Sobre essas pessoas, nos ensina poeticamente Luiz Goulart: “Trazem no íntimo a propensão natural do desprendimento. Em todos os instantes – quando as macieiras estão em flor, quando descobrem o crepe leve do sol sobre as acácias ou quando alguém lhes anuncia o nascimento de um filho – encontram razões para afirmar: “Senhor, tudo isto é Vosso”. E se a dor chega, levando suas ilusões ou seres que amam, ainda assim dizem: “Guardai-os, Senhor! São mesmo Vossos…”

No Princípio era a palavra

(Maximo Ribera)

A magia original está presente em nós, no poder das palavras:
“No princípio era o verbo, o verbo era Deus, o verbo estava com Deus.”

Aprendemos com a simbologia esotérica que o Verbo é o movimento, é o sopro, o som, a palavra, a sublime canção, que expande toda a Criação através de Vayu Tattva, o sopro primordial.

Esse movimento se repete em nós e em todos os seres vivos. Produzimos o som, a palavra, na voz humana, repetindo o mesmo movimento do Criador, quando falamos.
É o eterno Movimento Dele, de Vayu, do vento, do ar interno que impulsiona o som em nós, transformando-o em palavra. Sem essa Presença, seríamos mudos.
Repetimos a todo instante o mistério do Princípio, que “era, é e será eternamente o Verbo”.

Pausa Necessária

(Luiz Goulart)
Parar de vez em quando no caminho
É bom pra quem precisa meditar.
Esse doce momento mais tranquilo
Nos faz a experiência recordar.

A Natureza é mãe e grande sábia:
Nos faz dormir ao terminar o dia.
Se não fosse o repouso que ela impõe,
Toda ave seu gorjeio perderia…

A estrada fica longa e cansativa
Se não usamos a contemplação:
Bem inertes, à beira do caminho,
Deixando a mente solta na amplidão.

Tudo é questão de sempre ritmar
O fôlego de nossas energias.
Nunca logra total sabedoria
Quem não une o saber às fantasias,
Como faz a criança no recreio
Na pausa da lição dos professores.
Assim também pra nós, experientes,
A pausa de sorrir traz seus louvores.

Sem termos o intervalo dessa luta
Que expõe o ser à busca do alimento,
O riso morreria em nossa boca
E o pranto verteria o sofrimento.

A pausa é útil e sempre necessária;
Mormente a pausa da reflexão.
Deixar que silencie a nossa boca
Traz o descanso e a paz ao coração.

Imaginemos

Imaginemos um intervalo. É Natal! O mundo cristão está em paz! Vamos dar as mãos aos outros mundos, aos outros deuses! Vamos reconhecer finalmente como irmãos todo ser humano. Cessem as intrigas, sementes das batalhas mais sangrentas, sonhemos com a Fraternidade Universal.

Abracemos os antipáticos, os ofensores, os que nos incomodam com a simples presença. Esse desamor, preferir a convivência que nos dá algum lucro e descartar quem nada nos pode oferecer são as sementes da guerra planetária.

Imaginemos mais: Nossos pensamentos transformando o mundo num jardim florido, em pomares de divinos frutos, revitalizando o planeta com o nosso amor. “Perdão, Mãe Terra!” Sussurremos ao coração da Natureza.

Quem sabe vamos amar este intervalo, pois vimos que o mundo ficou melhor, e prolonguemos este Natal para o resto de nossas felizes vidas?

Máximo Ribera

Ao Mestre, com Amor

Neste aniversário de nascimento de nosso saudoso amigo e instrutor Luiz Goulart (1920–2002), gostaríamos de avaliar em nós os efeitos de seus ensinamentos. Será que valeu a pena o sacrifício de uma vida inteira apontando o caminho para a Paz? Quantas vezes por dia somos pacifistas? Já conseguimos perdoar, abraçar nossos desafetos, “oferecer a outra face”?
Temos a impressão de que todo mensageiro da Luz gostaria de saber se seu trabalho valeu a pena. Como eu era quando conheci esta Mensagem? Melhorei meu comportamento, tornei-me mais generoso, mais condescendente? Já reconheço a Humanidade como uma só família?
Então vamos nos dar as mãos mentalmente e cantar uma suave canção de agradecimento. Luiz Goulart, que sempre nos deixou tantas mensagens, receberá esta mensagem agora, traduzida no perfume de nossa gratidão.

Máximo Ribera