“Não Desanimeis” (Abdu’l-Bahá)

A Paz É Possível

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Alma da Paz – Pintura de Luiz Goulart

“Como é possível que seres humanos lutem de ma­nhã à noite, matando-se uns aos outros? Surpreende-me a selva­geria humana que ainda existe neste mundo…
A Terra não pertence a um só povo, mas a todos. Não é o lar e sim o túmulo do homem. É por seus túmulos que esses homens estão brigando…
Milhares sofrem pela ambição de alguns… mulheres estão derramando lágrimas por seus filhos mortos…
Eu vos convido, a cada um de vós, a encontrar o ínti­mo dos vossos pensamentos no amor e na união. Quando surgir um pensamento de guerra, fazei-lhe oposição com um mais forte de paz. Um pensamento de ódio, por um mais poderoso de amor…
Não julgueis que a paz do mundo seja ideal impossível. Nada é impossível à sublime benevolência de Deus!…
Se de todo o coração desejais a paz, vosso pensamento espiritual e positivo propagar-se-á; virá a ser o desejo dos outros, tornando-se cada vez mais forte, até atingir as mentes de todos os homens. Não desanimeis!”

Equilíbrio Interior

Imagem e texto: Luiz Goulart

Não deixes que o sentimento de tristeza domine tua palavra. Pois, desse modo, além de dares curso maior à tua melancolia, serás desumano se retransmitires a teu próximo o gérmen de tuas mágoas. Atenta nisto: sempre justificamos interiormente o teor das palavras que proferimos: se falas de espinhos, estes, igualmente, tu os cravas em tua alma; se dizes uma mentira, mentes a ti mesmo; se dizes uma palavra verdadeira, guardas a Verdade em teu íntimo e nela te fortaleces. Seremos amanhã o que falamos hoje. Somos hoje o que dissemos ontem… As palavras reforçam estados interiores. A palavra é o início da materialização do pensamento. Por isso a tristeza mais corrói o coração que se objetiva em palavras de melancolia.

Quanto ao sentimento de dúvida, a palavra cria, sob este estado, grande confusão em quem ouve e, logicamente, na própria pessoa que fala. Nesse particular, não podemos esquecer o Evangelho: “seja o vosso falar sim, sim; não, não”. Nada na realidade perturba tanto quanto ouvir a pergunta duvidosa de quem indaga: “É hoje ou amanhã?”; “Ele me ama ou me odeia?”; “Vou piorar ou melhorar?”; “Choverá ou não?”

Diga-se, sem medo de errar, que este estado dúbio é o mais comum. A julgar-se pelo debate das dúvidas que, além de serem travadas em terrível duelo emocional, ferem a gume de espada todos os desassossegados que ainda não aprenderam a ouvir com paciência.

O pensar antes de falar é, pois, motivo de equilíbrio interior. Daí dizer o sábio pensador Lao-tsé: “Quem fala não pensa, quem pensa não fala”.

Fonte: Livro – O Caminho da Paz Interior – 1999 / 5ª edição

Você tem asas

Dos amigos que conheço, todos têm asas. São seres de sensibilidade, mas nem sempre se reconhecem assim: alados, capazes de superar obstáculos pelo hábito santo de manter a alma leve, liberando mais altos voos.
Meus amigos alados às vezes se esquecem que têm asas, e se sentem frágeis; logo se afligem e lutam em nome dos limites, ordens e dogmas de suas crenças…

Mas são salvos quando veem Beleza: como diz Platão, sentem que têm asas – e isso, por si só, já faz toda a diferença…
Todos os dias
desejo aos meus amigos a expressão mais bela da alma, neste voo leve pelo caminho essencial da Liberdade.
(Lúcia Magalhães – Ilustração de Luiz Goulart))

“EU SOU VIDA SEM LIMITES”

Thich Nhat Hanh (11/OUT/1926 – 22/JAN/2022), poeta, Mestre Zen do budismo, ativista pela paz. Presidiu a Delegação Budista da Paz em Paris, nos debates sobre a paz, durante a guerra do Vietnã, seu país de origem, tendo sido indicado pelo Dr. Martin Luther King Jr. para o Prêmio Nobel da Paz. Autor de inúmeros livros, numa linguagem poética, tornou o budismo inspiração à mente Ocidental.

“Este corpo não sou eu;
Eu não estou apegado a este corpo,
Eu sou vida sem limites,
Eu nunca cheguei a nascer e eu nunca cheguei a morrer.
Logo ali, o vasto oceano e o céu com muitas galáxias,
Todas se manifestam a partir da consciência primordial.
Desde o tempo sem início eu sempre fui livre.
Nascimento e morte são apenas uma porta por onde nós entramos e saímos.
Nascimento e morte são apenas um jogo de esconde-esconde.
Então sorria para mim e pegue a minha mão e me dê adeus.
Amanhã devemos nos encontrar novamente, ou mesmo antes.
Nós devemos sempre nos encontrar novamente na verdadeira fonte,
Sempre nos reencontrando na miríade de caminhos da vida.”

Alvorada de Amor

Ilustração: Luiz Goulart

Aos que levaram canções
De minha alma,
Na distância da separação
Deixo meu canto de amor
E saudade.

Não creio que o tempo
Dissolva marcas de luz e sol
No bordado da amizade.
As flores que nós vimos juntos…
O céu que, em estrelas,
Fitou nossos abraços
As lágrimas de nossos olhos
O sorriso em nossas bocas…
Tudo, na dor e na alegria, formou além
Indissolúveis laços.

É questão de ver o bem
E nunca o mal Pois quem não tem
Acertos e desenganos?
Afinal, todos nós somos humanos.


Importa não guardar
Ressentimento,
Nem fazer ninho de treva
No coração
Sempre malferido,
Quando não se acende
A estrela clara do perdão.

-Olha os momentos belos
Do caminho
Que marcaram nossos passos!
Relembra a rosa,
Esquece o espinho…

Um dia, vamos deixar a Terra.
Será hoje, agora
Ou amanhã?
Não. Não deixemos que o final
Guarde o crepúsculo
Feito de sombra e rancor:
-Nada foi ou é mais importante
Que ver surgir, da separação,
Uma alvorada de amor.

Texto: Pequena antologia poética – 2018 Segunda edição ampliada

Fé e Essencialismo

Texto e ilustração: Luiz Goulart

Ramakrishna, um dos mais importantes mestres hindus, disse com acerto: “As religiões são caminhos, mas os caminhos
não são Deus.” Importava-lhe encontrar Deus no próprio interior do indivíduo. A maior parte dos religiosos sente a Fé como oriunda de sua extroversão devocional. Uma pequena parte de indivíduos, no entanto, já tomou como norma a “introspecção meditativa”, ou busca da presença de Deus, fragmento luminoso que toda criatura possui em seu Eu Vital.

Não nos cabe criticar ou depreciar os religiosos da Fé exteriorizada, cujas preces são dirigidas a uma divindade abstrata, ainda colocada no Céu devocional: há muitos graus e limites perceptivos na busca da espiritualidade. Talvez a Fé exteriorizada faça parte dos exercícios primários que conduzam à descoberta do Eu Vital no próprio indivíduo.

No caminho da Autorrealização consciente acontece uma total mudança de mentalidade, que vê em todo homem ou mulher, a dicotomia Eu-Espírito e Ego-Matéria: no Eu, os atributos da Luz, como representação da liberdade espiritual; no Ego, os da Sombra, como manifestação dos temores e ansiedades religiosas.

Neste caminho busca-se a Essência no Homem, o Espírito ou Energia do Eu. Daí a palavra Essencialismo – o nome do critério psicológico e filosófico que temos adotado em nossas preleções e escritos. Na própria linguagem intuitiva dos povos, segredada pela poesia universal, empresta-se à flor o sentido substancial, quando se trata de suas pétalas, mas a seu perfume dá-se o atributo da essência.

Por isso acreditamos que, dentro da cadeia evolutiva da raça humana, cada vez maior número de pessoas buscará o Céu em si mesmo e não na abstração de tantos caminhos entrechocantes
que cruzam, em nome da Fé, a superfície da Terra.

Fonte: Jornal Mensagem de Luiz Goulart – nº 354 / Outubro 2009

FRATERNIDADE

Fraternidade — uma palavra bela,
Mas nem sempre sentida em seu valor.
Daí somente na alma ser vivida
Quando nasce da pétala do Amor.

Ela é efeito do áureo despertar
Da luz que anima nosso coração
E faz o ser humano reencontrar
Em qualquer companheiro seu irmão.

Pois companheiro é todo navegante
Nesta Nave que rola pelo Espaço,
Ou seja, no Planeta que garante
Tornar-se leve a Vida no abraço,

Sem distinção de raça nem de cor,
Vendo a Família em toda a Humanidade,
Nos momentos alegres ou de dor.

Também faz parte da Fraternidade
Não ter fronteiras feitas de ilusão…
Pois ela vê, inteira, sobre a Terra,
Apenas uma única Nação.

É neste sentimento que se encerra
A sublime lição do Pacifismo
Que apaga das contendas o seu mal.

É a Fraternidade o Idealismo
Transfeito em luz na Paz Universal!

Feliz Ano Novo!

Fonte: Poemas longo de Luiz Goulart – 1997
Ilustração: Miti Goulart

FELIZ NATAL!

O Sonho do Coração

(Máximo Ribera)

CARÊNCIA DE AMOR
É bom ver o quanto o povo fica feliz com a aproximação e a chegada do Natal. Quando temos uma situação mundial de pandemia que ameaça a sobrevivência, a felicidade e a liberdade, o Natal surge como um sinal dos deuses nos apontando o Cristo como salvador desta situação coletiva e individual. Já não importa o consumismo; importa expressar afeto, trocando presentes entre nós. Estamos ávidos por gestos de amor.

DE MÃOS DADAS
O povo se une neste tempo e cria grupos de ajuda para aqueles sem recursos que estão precisando de cesta básica para comemorar o Natal. É o tempo em que aflora o melhor de nós, e a motivação é o nascimento do Cristo. Todos de mãos dadas vibram e suplicam por melhores dias.
BANDEIRA BRANCA
Estão se confraternizando parentes, amigos e, muitas vezes, em campos de batalhas interrompeu-se a monstruosidade da guerra à meia-noite do dia de Natal, para retornar feroz no dia seguinte. Este sinal, esta bandeira branca, poderia ser respeitada sempre, em nosso dia a dia, sem precisarmos do Natal para se fazer a paz na vida diária.
NATAL INTERIOR
O intervalo que criamos em nome do Natal revela que há esperança para nossa humanidade; e ao voltarmos nosso olhar para essa esperança, ela crescerá na certeza de que há dentro de nós, de cada um de nós, um Natal especial individual: há um menino Deus à espera de atenção, à espera de um intervalo no corre-corre do dia a dia, para aflorar dentro de nossa alma e iluminar nossa vida para sempre.
Podemos nos abraçar sim. Se não com os braços, vamos nos abraçar com as asas de sonho do coração!
Feliz Natal, companheiros!
Paz e Cristo!

Bahá’u’lláh – O Profeta da Unidade

Ilustração: Miti Goulart

Bahá’u’lláh, a “Glória de Deus” – eis o título respeitoso conferido a Mirzá Hussayn Ali. Ele nasceu em Teerã, antiga Pérsia, em 12 de novembro de 1817, no seio de família ilustre. Criança ainda e sem ter frequentado escola, chamou atenção pelo gosto da leitura, desvendando com os sábios os textos mais intrincados das Escrituras – e por ajudar anonimamente pessoas necessitadas. Quando ficou adulto, abriu mão de um alto posto na corte: queria seguir a Nova Fé que o Báb anunciava.
Houve uma grande adesão popular a esta reforma mais terna e mística do Islamismo Ortodoxo – e por isso seu líder (o Báb) foi perseguido e morto, com o sacrifício de milhares de fiéis seguidores.

No Oriente Médio do séc. XIX, Bahá’U’lláh se tornou o mais digno exemplo da Paz e da Não-Violência – contraste corajoso com as turbulências políticas e religiosas de seu tempo. Contudo, após o martírio do Báb, prenderam Bahá’u’lláh em 1852 e o lançaram em obscuro calabouço – o “Poço Negro”, em Teerã – onde lhe foi revelada internamente sua divina Missão. Peregrinou daí por diante por quase 45 anos de prisão em prisão, de exílio em exílio – prisioneiro do mundo, mas livre para escrever epístolas e advertir os governantes e líderes religiosos da Terra: era urgente observar a importância do entendimento e colaboração entre os povos. Sem temer fanatismo ou intolerância, suplicava mútua indulgência entre maometanos, judeus e cristãos, filhos de um mesmo Amor.

Bahá’u´lláh afirmava que dentre as palavras elevadas, a Unidade era a mais sublime: “De uma só Árvore sois todos vós os frutos, e de um mesmo ramo as folhas”. Toda a sua dedicação influenciou corações despertos, muito além das fronteiras do Irã: nosso próprio movimento pacifista se inspirou num de seus princípios: A PAZ UNIVERSAL.

São doze os princípios de Bahá’u’lláh: clamou pela Unidade do Gênero Humano; para que as religiões não fossem causa de separação, mas de união de consciências; pela igualdade entre homens e mulheres; pela aliança entre Ciência e Religião; pela independente pesquisa da Verdade, sem intermediação do clero; indicou a educação como meio de libertação da ignorância e de todo o preconceito; clamou por um Tribunal Mundial e pela solução espiritual dos problemas econômicos; sugeriu um idioma para todos e suplicou pela Paz Universal.

O Báb (“Porta”) deu as sementes do Ideal, no canteiro do sacrifício e Bahá’u’lláh as semeou; após a sua morte, em 1872, aos 75 anos, seu devotado filho, Abdu’l-Bahá fez tornar conhecida mundialmente a Mensagem tão urgente do PROFETA DA UNIDADE.

PRECE DA CURA
Teu nome é minha cura, ó meu Deus, e lembrar-me de ti é meu remédio. Tua proximidade é minha esperança, e o amor que te dedico meu companheiro. Tua misericórdia por mim é minha cura e meu socorro, tanto neste mundo como no mundo vindouro. Tu, em verdade, és o Todo-Generoso, o Onisciente, a Suprema Sabedoria.

Decálogo da Cordialidade

Ilustração: Luiz Goulart

1. Não tente mudar o temperamento de ninguém;

2. Aprenda a esperar, sem alimentar com a ansiedade o problema existente;

3. Não conte demais seus ressentimentos às pessoas afins e jamais o faça aos estranhos;

4. Resista ao máximo, sem implorar auxílio. Recebendo-o ou não, agradeça sempre;

5. Não obrigue ninguém a nada, mesmo que a posição permita a você tudo exigir. Peça por favor e espere;

6. Fale pouco, interrogue o menos possível e não sofra se não responderem;

7. Sorria, mesmo contrariado em seu modo de ver e sentir, sem criticar seu próximo;

8. Ajude desinteressadamente;

9. Não exagere as felicitações e as condolências;

10. Não use os erros passados como argumento nas discussões presentes. Do passado, escolha o bem e viva o presente como dádiva da Vida.


Fonte: Livro de Luiz Goulart – O Caminho da Paz Interior, 1999 / 5ª edição.